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Advogado é investigado por passar informações privilegiadas a membro de quadrilha suspeita de matar PM no RN

Advogado deve ser denunciado à OAB e indiciado por organização criminosa por ajudar universitária suspeita de participação direta na execução do cabo Ildônio José, em Caraúbas.
Polícia Civil encontrou mensagens do advogado no celular da estudante de Direito presa suspeita de fazer parte da quadrilha (Foto: Reprodução)

Um advogado que atua na região Oeste potiguar está sendo investigado por repassar informações confidenciais a uma estudante de Direito suspeita de fazer parte da quadrilha que matou o cabo da Polícia Militar Ildônio José da Silva, de 43 anos. O policial foi executado no dia 16 deste mês durante um assalto a um ônibus escolar entre as cidades de Caraúbas e Governador Dix-Sept Rosado. Até o momento, oito pessoas foram presas. Dentre elas, três por participação direta no assassinato, incluindo a própria universitária.
Policial militar Ildonio José foi morto entre Caraúbas e Mossoró, interior do RN (Foto: Reprodução/redes sociais)

Questionado pelo G1, o delegado regional Sandro Régis, que participa das investigações, confirmou a informação. Sandro explicou que o advogado teve acesso a informações privilegiadas por ter se apresentado como defensor de um dos suspeitos, mas preferiu não dar detalhes. Contudo, revelou que o advogado deve ser denunciado à OAB e que pode ser indiciado por organização criminosa.

“Sabemos que o advogado ficou sabendo de algumas informações que estávamos apurando, e que ele mandou mensagens para a universitária, alertando para a possibilidade de pedirmos a prisão preventiva dela. E ela de fato acabou presa. Quando apreendemos o celular dela, encontramos as mensagens, o que comprova que o advogado tinha algum interesse em ajudar a moça”, confirmou.

O G1 teve acesso a trechos das mensagens que foram encontradas no aparelho celular da universitária. No início, o advogado pergunta se a jovem, que tem 21 anos, já tem conhecimento que vai ser ouvida pela polícia. Ela responde que talvez sim, e que vão chamar as pessoas que estavam no ônibus no momento do assalto. Na sequência, o advogado já confirma que sim, que a polícia vai chamá-la, e já a informa que talvez ela seja presa preventivamente – o que depois acabou acontecendo. Em seguida, a estudante pergunta se o advogado ouviu alguma coisa a respeito, e ele também confirma: ‘sim’, respondeu.

A universitária foi presa no dia 19, em Caraúbas, suspeita de estar diretamente envolvida no crime. Segundo o delegado, ela foi a única que não foi roubada pelos criminosos que assaltaram os passageiros. Além disso, teria sido ela a pessoa que avisou os bandidos que havia um policial militar armado no veículo. "Ela, inclusive, é namorada de um dos criminosos que ainda está sendo procurado", acrescentou Sandro Régis.

Execução

O cabo Ildônio estava no ônibus que levava estudantes universitários de Caraúbas para Mossoró, no final da tarde do dia 16, quando o veículo foi interceptado na RN-117, entre Caraúbas e Governador Dix-Sept Rosado. Ao perceber o número de criminosos, o policial escondeu sua arma. Porém, os assaltantes invadiram o ônibus e foram direto ao encontro do policial, que foi retirado do veículo e executado com tiros na cabeça.

Investigações

Seis homens, já com mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça, ainda são procurados pela polícia como suspeitos de participação direta na morte do cabo. Outras oito pessoas, entre elas seis homens e duas mulheres, estão presos e já foram indiciados. Uma das mulheres é a estudante de Direito, presa preventivamente.

Segundo o delegado Sandro Régis, independente de os seis homens que estão sendo procurados serem encontrados ou não, o processo tem prazo de um mês para ser enviado ao Ministério Público. "Quando há suspeitos presos, o prazo é de 10 dias. Porém, como os presos também foram indiciados por organização criminosa, o prazo é maior, podendo ainda ser prorrogado. Mas, acredito que o inquérito deverá ser remetido em até 30 dias", ressaltou.

Dentre os oito detidos, estão um taxista preso em Campo Grande, um homem preso em Assu, e um desempregado preso em Caraúbas. Eles vão responder por favorecimento e organização criminosa, mas não têm participação direta na morte do PM. É a mesma situação de um coiteiro que foi preso na mesma região onde aconteceu o crime, e uma outra mulher, também presa em Caraúbas suspeita de dar guarida a um dos foragidos, e que também não têm ligação direta com o assassinato.

Os três presos que têm participação direta, ainda de acordo com o delegado, são dois homens presos juntamente com o taxista em Campo Grande e a própria universitária.

Fonte: Anderson Barbosa, G1 RN

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